NENHUM DE NÓS (1992)
 

  COMPAIXÃO (Thedy Corrêa)

Primeiro eles pedem perdão
Depois perdem a paciência e o
Próximo passo
Pequenos pecados
Esquecidos tão depressa quanto feitos
Sempre não e para sempre
Padres não podem prever pecados
E presente o perigo
E somente palavras não curam
Mas aproximam as mãos
Permitam que os seus filhos
Aprendam a ter compaixão
Ensinem os seus filhos a ter compaixão
No passado as preces
Manchas na pele
Pernas para o ar
Na partida prematura
Da pessoa próxima

  SINAIS DE FUMAÇA (Thedy Corrêa e Veco Marques)

Histórias de garotos e garotas
Tantas palavras ditas entre dentes
A palavra certa os sinais
Sinais de fumaça.
Eu me sinto mal
Seja bem vindo ao lar
Eu tenho estórias
Pra te contar
Garrafas de fumaça guardam o que eu sei
Porções de sabedoria que vão desaparecer
Histórias de garotos e garotas
Tantas palavras vazias entre os dentes
Seja bem vindo ao lar
Eu tenho estórias
Pra te contar

  DUAS LUAS (Thedy Corrêa)

Abre tua casa para mim e
Deixa dois pés entrarem
Tua vida chora na sala de estar
E é o melhor lugar na casa pra chorar
Talvez eu tenha medo
E pense duas vezes
Antes de entrar
Ainda existe tempo pra nós
Pra nós dois
Esta noite duas luas amanhã dois sóis
Esta noite duas luas
Amanhã dois sóis
Somos nós
Deixa meus dois pés deitarem nesta cama
Para encontrar os teus
Teus dois dois braços, dois seios teus
Na cama nós dois
Talvez eu tenha medo
E pense duas vezes
Antes de entrar
Ainda existe tempo pra nós
Pra nós dois
Esta noite duas luas amanhã dois sóis
Esta noite duas luas
Amanhã dois sóis Somos nós

  TUDO QUE ACONTECEU (Carlos Stein e Veco Marques)

Tudo que aconteceu
Aconteceu num dos primeiros dias
De inverno
A manhã estava escura
Quando ele resolveu partir
A manhã estava escura
É tempode partir
Seja para onde for
É tempo de partir
Ninguém
Ninguém pra dizer adeus
Ninguém pra dizer adeus
Ele sabia que mesmo quando o sol nacesse
Tudo continuaria assim
Quando fecha os seus olhos
Só lembranças é o que pode ver
Quando fecha os seus olhos
É tempo de partit
Seja para onde for
É tempo de partir

  CARROS (Thedy Corrêa e Veco Marques)

As portas dos carros se fecham
Pessoas dentro dos carros
O carro levando a pessoa
O aço dos automóveis
As pessoas se cansam
Os carros também
O carro a fumaça
A fumaça a pessoa
Os carros morrem
Os carros perdem a direção
Pessoas sem saber para onde ir
Os carros perdem a direção
Pessoas sem saber para onde ir
As pessoas se fecham
Pessoas dentro dos carros
A solidão dos carros
E os faróis são olhos cegos de luz
As portas dos carros se fecham
Pessoas dentro dos carros
O carro levando a pessoa
O aço dos automóveis
As pessoas se cansam
Os carros também
O carro a fumaça
A fumaça a pessoa
Os carros morrem
Os carros perdem a direção
Pessoas sem saber para onde ir
Vejo nos olhos
Nos olhos vejo os carros
Noites vazias sem direção
A solidão dos carros
E os faróis são olhos cegos de luz

  DIAS QUE VIRÃO (Thedy Corrêa e Veco Marques)

Em todos os dias que virão
O homem rico contará o seu dinheiro
Supondo que o dinheiro exista
Para ser contado
Em todos os dias que virão
O louco contará as suas histórias
Vendo em cada uma
Pedaços de um amor
Em todos os dias que virão
O tolo trará flores
Sonhando com as flores
E alguém para receber
Supondo que os sonhos não se vendem
O homem rico e o tolo contarão flores
Em todos os dias que virão
As portas estarão fechadas para estranhos
Supondo que as portas suportam todos os perigos
Supondo que os sonhos não se vendem
O homem rico e o tolo abrirão as portas

  ANIMAIS (Thedy Corrêa, Sady, Veco e Carlos Stein)

Eu vi os animais descendo a rua
Ouvi os seus cantos descendo a rua
Eu vi que os animais carregavam bandeiras
Eu vi que os animais se julgavam humanos
Ouvi ao longe
O salto da fera
A fera entre os animais
E o perigo tão perto
A fera desejou o fim dos animais
A fera atacou com fome voraz
Animais Animais Animais
Eu vi os animais descendo a rua
Ouvi os seus cantos descendo a rua
Eu vi que os animais carregavam bandeiras
Eu vi que os animais passaram a se julgar animais
Animais Animais Animais

  AO MEU REDOR (Thedy Corrêa, Carlos Stein e Veco Marques)

Ao meu redor
O rumo das coisas me desagrada
Se o meu futuro
Esta guardado em tuas mãos
Ao meu redor
Ciganas já não valem nada
Se o meu destino
Está escrtio em tuas mãos
O rumo das coisas ao meu redor
Em tuas mãos o rumo das coisas ao meu redor
Pa pa pá a a a
Eu trago dentro
De um livro escrito o meu passado
Em letras que se apagam
Sem nenhuma explicação
Presente é futuro
Nas coisas ao redor
Eu gravo na memória
Coisas ao meu redor
O rumo das coisas ao meu redor
Em nossas mãos o rumo das coisas ao meu redor
É tudo magia ou superstição
Em tuas mãos o rumo das coisas ao teu redor
É tudo loucura ou alucinação
Em tuas mãos o rumo das coisas ao teu redor

  JORNAIS (Thedy Corrêa)

Quantos filhos esperaram a chegada de seus pais
Tantos deles não vieram
Não chegaram nunca
A calçada não é casa, não é lar
Não é nada
Nada mais do que um caminho que se passa
Tão estranho pra quem fica
As palavras no asfalto, nessa vida são tão duras
O carinho não consola mas apenas alivia
A calçada não é cama
Não é berço
Não é nada
Nada mais nos faz humanos sem afeto
E o medo é um abraço tão distante de quem fica
Onde vai?
Nós estamos de passagem
Onde vai?
Onde a rua nos abriga
Onde vai?
Estamos sempre de partida
Onde vai?
Onde a rua nos abriga desse frio
As pessoas que se enrolam nos jornais não são mais notícia
Elas não esperam de um papel de duas cores mais que um pouco de calor
A calçada não é pai
Não é mãe
Não é nada
Nada mais do que um abrigo, um refúgio
Tão estranho pra quem passa
Pra quem passa

  DOIS PEDAÇOS (Thedy Corrêa)

Nas tuas mãos mistérios
O frio no teu olhar
Presságios apagam palavras
Nem sempre foi silêncio
Nem sempre dúvida
Memórias não valem mais nada
As flores na chuva me fazem lembrar
Eu vi Eu vi você chorar
Sei que nada faz voltar
A última viagem
Imagens para guardar
Segredos sagrados não são eternos tão longe a vitória
Tão perto a escuridão
A lâmina nos faz em pedaços
As flores na chuva me fazem lembrar
Eu vi Eu vi você chorar
Sei que nada faz voltar

  SANGUE LATINO (João Ricardo e Paulinho Mendonça)

Jurei mentiras e sigo sozinho
Assumo os pecados
E os ventos do norte não movem moinhos
E o que me resta é só um gemido
Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minha alma cativa
Rompi tratados, trai os ricos
Quebrei a lança, lançei no espaço
Um grito, um desabafo
E o que me importa é não estar vencido
Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos
Meu sangue latino
Minha alma cativa

  SEGREDOS (Thedy Corrêa e Veco Marques)

No céu escreve os seus segredos
Nas nuvens escuras
Seus sonhos secretos
Todos querem ser livres
Todos querem ter os seus segredos
Todos querem ser livres
Todos querem ter os seus segredos
Será sagrado
Esse segredo?
Todos querem ter essa graça
Possuir desejos guardados em segredo
Todos querem ser livres
Todos querem ter os seus segredos
Todos querem ser livres
Todos querem ter os seus segredos
 
 

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